sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Maior jornal do Brasil processa blog
independente e inaugura um novo
tipo de censura

Ação inédita na Justiça está sendo boicotada pela mídia brasileira, que é dominada por poucas famílias, e abre um precedente terrível para todos os blogueiros do país
A exemplo do que aconteceu na eleição do Obama e em outros pleitos na Europa, na recente disputa presidencial brasileira, que terminou com a eleição da candidata de Lula (Dilma Roussef), a internet teve peso inédito na campanha eleitoral. A atuação de centenas de blogs foi especialmente importante porque, em sua maioria, eles apoiaram a candidata de esquerda (Dilma) e, por outro lado, praticamente toda a mídia convencional (rádio, TVs, jornais e revistas) defendeu fortemente o candidato de oposição, José Serra, que formou uma poderosa coalização política-midiática-religiosa conservadora — que acabou derrotada. A importância da Internet ficou óbvia no último dia 24 de novembro, quando Lula concedeu a primeira entrevista de um presidente brasileiro exclusiva para blogueiros. Foi um claro reconhecimento à sua importância e ao contraponto que eles fizeram à mídia tradicional.
Em meio a esse cenário, surgiu em setembro um blog chamado Falha de S.Paulo, uma paródia ao maior jornal brasileiro, a Folha de S.Paulo. Em português, “Folha” é uma das formas de referir-se a um jornal. E “Falha” significa falha. Era um blog recheado de fotomontagens, brincadeiras e críticas ácidas ao noticiário da Folha. Eram críticas sempre bem-humoradas, porém duras. Para se ter uma ideia, uma das montagens de maior sucesso (e mais irônica) punha o rosto do dono do jornal, Otavio Frias Filho, no corpo de Darth Vader. Pois bem: após um mês no ar o jornal entrou na Justiça para censurar o blog. Pior: conseguiu. Ainda pior: além de conseguir cassar o endereço, a Folha abriu um processo de 88 páginas contra os criadores do site, pedindo indenização em dinheiro por danos morais.
O jornal alega “uso indevido de marca”, por causa da semelhança entre os nomes Folha e Falha e porque o logotipo do site era inspirado no do jornal. A paródia foi criada por dois irmãos (Lino e Mário Ito Bocchini) que não têm ligação com nenhum partido político ou qualquer outra entidade. São duas pessoas “avulsas”, o primeiro jornalista e o segundo, designer. E agora os irmãos estão tendo uma dificuldade brutal (e gastando bastante dinheiro) para se defender na Justiça de uma ação volumosa do maior jornal do país. E a previsão dos advogados e professores de direito ouvidos pela dupla é a de que a Folha deve ganhar a ação, mais por ser uma companhia grande e poderosa e menos pelo mérito da questão em si.
Aqui entra o motivo pelo qual os irmãos Bocchini resolveram levar a questão para além das fronteiras do país: no Brasil, menos de 10 famílias dominam os grandes meios de comunicação. E uma dessas famílias é justamente a Frias, que ficou incomodada com a Falha de S.Paulo e suas brincadeiras como a do Darth Vader. Por corporativismo, nunca um órgão de uma família noticia algo relacionado à outra. É uma espécie de tradição brasileira. A censura de um blog, ainda mais seguida de um pedido de indenização, é uma ação judicial inédita no Brasil. Por conta disso, os irmãos Bocchini estão sendo chamados a diversos eventos de comunicação, convidados a dar palestras etc. Estão recebendo muita solidariedade de blogueiros e ativistas por liberdade de expressão de todo país, e figuras públicas como o ex-ministro Gilberto Gil gravaram depoimentos condenando a censura e o processo da Folha. Mesmo assim jornais rádios, TVs e revistas seguem ignorando completamente o assunto.
A preocupação geral é que, se o jornal ganhar essa ação inédita (como tudo indica que vá acontecer), um recado claro estará dado às demais grandes corporações brasileiras, sejam de comunicação ou não: se alguém incomodar você na Internet, invente uma desculpa como essa do  “uso indevido de marca”. A Justiça irá tirar o site do ar e ainda lhe conseguir uma indenização em dinheiro. Ou seja, está nascendo um novo tipo de censura em nosso país, justamente pelas mãos de quem vive da liberdade de expressão. E não estamos conseguindo furar o bloqueio da mídia convencional, dominada pelas tais poucas famílias que já dissemos. Por isso só nos resta agora apelar para o exterior.


O novo site dos irmãos Bocchini, o www.desculpeanossafalha.com.br tem todos os detalhes da censura. Os posts são em português, mas lá você confere esse texto em inglês, francês ou espanhol. E pode escrever em qualquer uma dessas línguas para desculpeanossafalha@gmail.com

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

DIRETO DO BLOG DO AZENHA "VI MUNDO O QUE VOCÊ NÃO VÊ NA MÍDIA"

O que os gringos estão falando sobre a mãe de todos os vazamentos

December 7, 2010, 9:00 pm

Is Julian Assange Helping the Neocons?
By ROBERT WRIGHT, no blog Opinionator, do New York Times
Agora sabemos que nosso governo está mentindo para a gente sobre o envolvimento de nossas tropas em operações de combate no Paquistão. O Pentágono tinha dito que a missão de soldados americanos estava restrita a “treinamento de forças paquistanesas para que elas pudessem treinar militares paquistaneses”, mas na verdade nossas forças estão engajadas em unidades militares paquistanesas, dando a elas informações eletrônicas e outro tipo de apoio para matar o inimigo.
Sabemos disso por causa do WikiLeaks. É também graças ao WikiLeaks que sabemos do arranjo dos Estados Unidos com o presidente do Iêmen: matamos terroristas baseados no Iêmen e ele diz que é o Iêmen que está matando.
Nestes casos, penso, o WikiLeaks está fazendo o trabalho de Deus. Concordo que há razões táticas para estas duas mentiras, mas vejo que elas atropelam o direito básico dos cidadãos em uma democracia de saber quando o dinheiro deles está sendo usado para matar gente — especialmente quando estas pessoas vivem em países que não estão em guerra conosco. Assim, se vamos calcular o karma do Julian Assenge, eu colocaria isso na coluna do positivo.
E calcular é preciso. Assange vai presumivelmente ser escolhido a “Pessoa do Ano” da revista Time e a publicação com certeza vai nos lembrar que o prêmio reconhece impacto, não virtude; Hitler e Stalin foram ganhadores no passado. Ficará por nossa conta colocar Assange entre os bons ou os diabólicos. Vamos começar.
Assange tem razões elaboradas para suas ações. Ele as descreveu em um grandioso manifesto online que vai do plausível (“Se o poder conspiratório total é zero, não há conspiração”) ao metafórico-excêntrico (“Como computar uma conspiração? Computando a próxima ação”) ao opaco. Mas o argumento central é claro. Ele acredita que um problema básico do mundo são os “regimes autoritários”, um termo que usa — em forte contraste com o uso nos Estados Unidos — aplicado aos Estados Unidos.
Um regime autoritário, ele diz, oprime as pessoas e mantém seus planos secretos. A transparência arranca o véu, expondo os planos. E transparência radical — como a avalanche de informações do WikiLeaks — faz com que regimes autoritários guardem suas futuras comunicações internas. Isso faz com que o regime tenha um funcionamento inadequado. Na medida em que “mais vazamentos induzem a medo e paranoia”, nós veremos “declínio cognitivo sistemático, resultando em menor capacidade para se manter no poder”. (A esse respeito, como o jornalista Glenn Greenwald notou, Assange é como Osama bin Laden: eles quer que o inimigo reaja a suas provocações de forma autodestrutiva).
Assange escreveu isso em 2006, e é difícil imaginar que não tinha em mente o governo Bush. Certamente Bush queria centralizar o poder, não era grande defensor das liberdades civis e algumas vezes manteve as violações que promoveu de nossas liberdades em segredo. Assange neste sentido é o anti-Bush, desafiando a autoridade secreta e centralizada com transparência que é altamente descentralizada. (Os apoiadores dele criaram espelhos na rede que garantem acesso aos documentos do WikiLeaks e Assange diz que mais de 100 mil pessoas possuem os arquivos completos e criptografados).
Ainda assim Assange é também o anti-anti-Bush.
Bush foi criticado por suas tendencias unilaterais, por fracassar no desenvolvimento de boas relações com outras nações — e, em particular, por descartar nações suspeitas (veja “eixo do mal”) como nações com as quais não se deveria conversar. Obama chegou ao poder prometendo “engajamento”. Ele procuraria outras nações, enfaticamente incluindo aquelas com as quais as relações eram frágeis, como a Rússia e nações muçulmanas, incluindo até o Irã.
Se nosso governo abandonasse a manutenção de segredos explosivos sobre o que estava fazendo no estrangeiro, então suas ações no estrangeiro mudariam.
Engajamento é a busca de resultados vitoriosos em jogos de soma zero. Como qualquer teórico de jogo pode confirmar, uma chave para chegar a esses resultados é comunicação, e a comunicação dá mais resultados quando existe confiança mútua. Assim, graças ao Assange, muitas nações agora vão hesitar em conversar abertamente conosco, com medo de que suas comunicações privadas se tornem públicas.
Comunicação, e confiança, podem esfriar pelas recentes revelações de nossa avaliação de líderes estrangeiros. Presumo que os líderes turcos não vão olhar positivamente para a mensagem vinda de Ancara que diz que esperamos por um dia em que “não teremos mais de lidar com o atual elenco de líderes políticos [turcos], com seu especial interesse em drama e retórica destrutiva”. E Vladimir Putin não deve estar gostando de nossa descrição dele como bandido.
Muitas de nossas relações externas vão se provar resistentes. Os antigos aliados europeus vão superar os insultos e vão eventualmente aceitar as garantias de que estamos tornando mais seguras nossas comunicações. Mas esse tipo de reaproximação será mais difícil com as Rússias e as Turquias do mundo — nações que são mais remotas culturalmente de nós e menos seguras de nossa amizade. Em outras palavras, os relacionamentos que mais vão sofrer são os mais frágeis, aqueles que o governo Obama ao assumir o poder prometeu restaurar com engajamento.
Estes incluem muitos relacionamentos que os neoconservadores que deram forma à política externa de Bush estavam decididos a arriscar. Os neocons geralmente encorajavam políticas e declarações que ameaçavam relações com a Rússia e a Turquia, assim como a China, o Irã e assim por diante. Na verdade, o neoconservadorismo parecia dedicado a exacerbar as linhas de tensão geopolíticas. E agora o WikiLeaks ajudou a exacerbar as tensões. Talvez Assange, quando tiver tempo para uma nova onda conspiratória, possa considerar a possibilidade de que os neocons tenham implantando eletródios na cabeça dele [para espionagem].
De onde me encontro — uma posição enfática de anti-bushismo — esta é uma séria acusação: ajudando e auxiliando o anti-anti-bushismo. Mas, da mesma posição, há uma defesa possível de Assange.
A maior lição de todas de tudo isso é um fato do qual já se tocaram o Tiger Woods, o Michael Phelps e o Mel Gibson: privacidade não é mais o que era. A tecnologia tornou os segredos difícil de guardar.
Com certeza, podemos isolar melhor nossos canais de comunicação — para início de conversa, negando a sargentos do Exército o acesso às jóias da família. Mas não queremos cair na armadilha do Assange de transformar  nossas comunicações internas  numa forma desfuncional — além do que, não temos como controlar as burocracias estrangeiras que partilham nossos segredos. Temos de enfrentar o fato de que os segredos são mais difíceis de guardar na idade da Internet, quando um único descontente de uma organização pode dividir informações relevantes com todo o mundo.
Assim, segredos incendiários deveriam ser evitados. É melhor não mentir sobre o que nossas tropas no Paquistão estão fazendo, e não conspirar com o governo do Iêmen para enganar os iemenitas. Por um  motivo simples: estes segredos, quando expostos, deixam os estrangeiros com raiva dos Estados Unidos. E nos dias de hoje o ódio de base dos Estados Unidos, especialmente em países muçulmanos, é talvez nosso maior inimigo  — sendo, como é, a plataforma para o terrorismo.
Se nosso governo seguisse este conselho e deixasse de manter segredos explosivos sobre o que está fazendo no estrangeiro, então seu comportamento mudaria. Se a presença de nossas tropas no Paquistão se tornasse visível, o Paquistão talvez não autorizasse a entrada delas. E o governo do Iêmen talvez vetasse ataques transparentes de aviões não tripulados dos Estados Unidos.
Isso significaria matar menos terroristas no curto prazo, mas provavelmente significaria criar menos deles no longo prazo. Certamente (como o jornalista John Judis sugeriu) isso significaria fazer menos do que causou o ódio antiamericano de bin Laden para começo de conversa: ter uma presença militar em países muçulmanos, uma presença que algumas vezes significa cooperar com regimes repressivos e absorver o ódio que eles inspiram.
Não sei se esta mudança de rumo compensaria pelos danos de curto prazo causados pelo WikiLeaks — o dano causado a relações frágeis e cruciais com outros estados, a reação que está começando agora no Iêmen, no Paquistão e em outros lugares. Mas, se acontecer, então o impacto inicialmente pro-neocon de Assange poderia ser compensando por sua influência mais benigna no longo prazo. E o karma dele, calculado por mim, estaria no campo do território positivo.
Para que isso aconteça — para que os Estados Unidos respondam de forma inteligente ao fiasco do WikiLeaks — os políticos dos Estados Unidos devem considerar que Assange não é assim tão importante. Se ele nunca tivesse nascido, eles ainda assim teriam de se adaptar à idade da transparência, para um mundo em que mentiras “boas” para mascarar nossa colaboração com regimes dúbios são uma ameaça de longo prazo à nossa segurança nacional. Mais cedo ou mais tarde, os Estados Unidos forçosamente acordariam para as implicações da tecnologia moderna. Julian Assange simplesmente tornou este despertar mais doloroso.

Embaixador dos EUA apóia a redução de reserva legal da Amazônia tal qual Rebelo

14/12/2010
Em telegrama, embaixador é favorável à redução de reserva legal
por  Natalia Viana, no blog CartaCapital/WikiLeaks
O Código Florestal, cuja proposta de alteração volta à plenária da Câmara hoje, foi tema de um telegrama escrito pelo embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon, em fevereiro deste ano.
Nele, Shannon transmite uma visão favorável à redução da reserva legal – uma das principais propostas do projeto de lei de de autoria de Aldo Rebelo.
O PL prevê reduzir a proporção da propriedade que deve manter a vegetação nativa (por exemplo, na Amazônia ela cairia de 80% para 50% da propriedade), além de extinguir a exigência da reserva legal para pequenas propriedades. O projeto também anistia quem não preservou e ocupou indevidamente encostas e beiras de rios.
A bancada ruralista no Congresso pressiona pela votação do projeto ainda este ano, enquanto o governo quer deixar para o próximo. O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT/SP) colocou o pedido de urgência na tramitação em votação, mas garantiu que a votação do projeto em si só sai no próximo ano.
Foco na Amazônia
O telegrama enviado por Shannon às 19:01 do dia 10 de fevereiro deste ano começa com um apanhado histórico sobre a legislação para depois entrar em detalhes sobre a questão da reserva legal.  O foco  é a Amazônia. Segundo Shannon, se justifica a decisão do governo Lula de postergar a aplicação da lei – que prevê multas e sanções para os fazendeiros que não respeitarem a reserva legal. “Não é nenhuma surpresa que o governo tenha evitado transformar milhões de fazendeiros em criminosos que poderiam perder suas terras; especialmente em face das eleições de outubro de 2010″.
Ele duvida que o governo consiga efetivamente aplicar a lei – e prevê que pode haver violência se o fizer.
“Se o governo quiser com seriedade penalizar um grande número de donos de terra em violação ao Código Florestal, pode esperar uma dura oposição e possivelmente até um combate violento como aqueles que aconteceram na cidade de Tailândia no ano passado, depois que o governo fiscalizou madeireoso ilegais em Novo Progresso, onde mesmo pesquisadores brasileiros vistos como ‘xeretas’  foram expulsos”. Na ocasião, protestos de madeireiros interromperam uma operação de fiscalização ralizada pelo Ibama e a Secretaria do Meio Ambiente do Pará.
Shannon se reuniu com um representante da Confederação Nacional da Agricultura, de quem não cita o nome, e comenta que as propostas para reduzir para 50% a reserva legal “possibilitariam que uma grande quantidade de fazendeiros que não conseguem se sustentar economicamente respeitando a reserva de 80% possam seguir a lei”.
Para ele é uma “infelicidade” que projetos como o Zoneamento Ecológico-Econômico, que autoriza a redução de até 50% da área para fins de recomposição de reserva legal, não possam ser adotados mais amplamente. Ao mesmo tempo, o diplomata reconhece o progresso do governo no combate ao desmatamento e elogia ações no sentido de regularizar a situação fundiária da região norte. “Nunca tendo sido implamentada,  (a reserva legal) serviu principalmente como ponto de disputa entre os fazenderios e  ambientalistas, enquanto outras políticas menos controversas têm sido eficazes em reduzir as taxas de desmatamento na Amazônia”, conclui Shannon. “Se as taxas de desmatamento continuarem a cair, então o movimento ambientalista pode mostrar mais fexibilidade em um compromisso mais pragmático em relação ao Código Florestal quando o tema voltar à pauta em 2011″, aposta o embaixador.
 

Embaixador dos EUA apóia a redução de reserva legal da Amazônia tal qual Rebelo

14/12/2010
Em telegrama, embaixador é favorável à redução de reserva legal
por  Natalia Viana, no blog CartaCapital/WikiLeaks
O Código Florestal, cuja proposta de alteração volta à plenária da Câmara hoje, foi tema de um telegrama escrito pelo embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon, em fevereiro deste ano.
Nele, Shannon transmite uma visão favorável à redução da reserva legal – uma das principais propostas do projeto de lei de de autoria de Aldo Rebelo.
O PL prevê reduzir a proporção da propriedade que deve manter a vegetação nativa (por exemplo, na Amazônia ela cairia de 80% para 50% da propriedade), além de extinguir a exigência da reserva legal para pequenas propriedades. O projeto também anistia quem não preservou e ocupou indevidamente encostas e beiras de rios.
A bancada ruralista no Congresso pressiona pela votação do projeto ainda este ano, enquanto o governo quer deixar para o próximo. O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT/SP) colocou o pedido de urgência na tramitação em votação, mas garantiu que a votação do projeto em si só sai no próximo ano.
Foco na Amazônia
O telegrama enviado por Shannon às 19:01 do dia 10 de fevereiro deste ano começa com um apanhado histórico sobre a legislação para depois entrar em detalhes sobre a questão da reserva legal.  O foco  é a Amazônia. Segundo Shannon, se justifica a decisão do governo Lula de postergar a aplicação da lei – que prevê multas e sanções para os fazendeiros que não respeitarem a reserva legal. “Não é nenhuma surpresa que o governo tenha evitado transformar milhões de fazendeiros em criminosos que poderiam perder suas terras; especialmente em face das eleições de outubro de 2010″.
Ele duvida que o governo consiga efetivamente aplicar a lei – e prevê que pode haver violência se o fizer.
“Se o governo quiser com seriedade penalizar um grande número de donos de terra em violação ao Código Florestal, pode esperar uma dura oposição e possivelmente até um combate violento como aqueles que aconteceram na cidade de Tailândia no ano passado, depois que o governo fiscalizou madeireoso ilegais em Novo Progresso, onde mesmo pesquisadores brasileiros vistos como ‘xeretas’  foram expulsos”. Na ocasião, protestos de madeireiros interromperam uma operação de fiscalização ralizada pelo Ibama e a Secretaria do Meio Ambiente do Pará.
Shannon se reuniu com um representante da Confederação Nacional da Agricultura, de quem não cita o nome, e comenta que as propostas para reduzir para 50% a reserva legal “possibilitariam que uma grande quantidade de fazendeiros que não conseguem se sustentar economicamente respeitando a reserva de 80% possam seguir a lei”.
Para ele é uma “infelicidade” que projetos como o Zoneamento Ecológico-Econômico, que autoriza a redução de até 50% da área para fins de recomposição de reserva legal, não possam ser adotados mais amplamente. Ao mesmo tempo, o diplomata reconhece o progresso do governo no combate ao desmatamento e elogia ações no sentido de regularizar a situação fundiária da região norte. “Nunca tendo sido implamentada,  (a reserva legal) serviu principalmente como ponto de disputa entre os fazenderios e  ambientalistas, enquanto outras políticas menos controversas têm sido eficazes em reduzir as taxas de desmatamento na Amazônia”, conclui Shannon. “Se as taxas de desmatamento continuarem a cair, então o movimento ambientalista pode mostrar mais fexibilidade em um compromisso mais pragmático em relação ao Código Florestal quando o tema voltar à pauta em 2011″, aposta o embaixador.
 

Cloaca News: CLOACALEAKS - VAZAMENTO 1

Cloaca News: CLOACALEAKS - VAZAMENTO 1: "."

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Olhem ai o calhorda do Creno Costa da Folha!
Sr. Cloaca, cada vez te admiro mais.


                                                                 Foto retirada do blog do Sr. Cloaca News
Vamos observar a que veio  então o governador Silval Barbosa!
 
Integrantes do MST bloqueiam BR-174 na região de Cáceres
Um grupo com 300 famílias integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) estão desde hoje de manhã bloqueando a BR-174, no km 76, que liga Mirassol D"Oeste a Pontes de Lacerda. De acordo com informações de um dos manifestantes, somente ambulâncias e veículos com pessoas doentes estão passando.

O MST informa que esta ocupação tem como base fundamental o assentamento de 2,5 mil famílias acampadas em todo o Estado e também as centenas de famílias que estão em áreas de pré-assentamento. Eles esperam, há mais de dois anos, a desocupação de terras destinadas a reforma agrária por parte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Outra reivindicação do grupo é uma audiência com o governador Silval Barbosa (PMDB), além da garantia de assegurar recursos para aquisição de infraestrutura básica dos assentamentos já existentes em Mato Grosso. Segundo o movimento, o recurso disponível para o órgão não chega suficiente ao Estado para que o grupo receba as melhorias por parte do União.

Na segunda-feira, integrantes do MST iniciaram o acampamento em frente a sede do Incra, em Cuiabá. Um reunião com a diretoria executiva do órgão de Mato Grosso está marcado para acontecer hoje à tarde e deve definir se eles mantém ou não a mobilização tanto em Cuiabá quanto na BR-174 entre Mirassol D"Oeste a Pontes de Lacerda.

Por: Alex Fama em 07/12/2010 14:31:45
                                                                                                                    Jornal Oeste - Cáceres

Todo professor deveria trabalhar os efeitos de sentidos das capas de Veja. ( Sou a favor)

Washington Araújo: As capas eleitorais da Veja

Veja e suas capas eleitorais – 1994/2010
Há algum tempo nutri a curiosidade de saber como Veja – a revista semanal de informação com maior circulação no país – produziu suas capas nas duas últimas semanas dos pleitos presidenciais de 1994, 1998, 2006 e este mais recente de 2010. Parece que o baú de Veja não guarda truques novos. Apostar no medo, no pânico da população está sempre ao alcance de suas mãos. Também soa extemporâneo declarar o óbvio sobre quem “dividiu o país” e quem “fará o país funcionar”. O artigo é de Washington Araújo.
Washington Araújo, na Carta Maior, em 17/11/2010
Vez por outra sinto-me inclinado a observar como a história do Brasil é contada através do cotejo de capas e manchetes dos principais jornais e revistas do país em momentos singulares de nossa história política e social. Há algum tempo nutri a curiosidade de saber como Veja – a revista semanal de informação com maior circulação no país – produziu suas capas nas duas últimas semanas dos pleitos presidenciais de 1994, 1998, 2006 e este mais recente de 2010.
A edição de Veja n° 1389, de 28/9/1994, trazia um macaco na capa e a manchete “O elo perdido” e o educativo subtítulo “pesquisadores descobrem na África o ancestral do homem mais próximo dos macacos”. O sucesso do Plano Real era de tal magnitude que a revista se abstinha de tratar do assunto mais impactante (e palpitante!) do ano, do mês e da quinzena: a eleição presidencial. Mas, faltando apenas uma semana para o dia da eleição, a revista da Abril não conseguiu controlar sua ansiedade e resolveu transformar em panfleto sua última edição antes de os votos serem lançados na urna. É emblemática a capa da Veja (1360, de 5/10/1994) trazendo a ilustração de uma mão colocando o voto em uma urna e a manchete “O que o eleitor quer: Ordem, Continuidade e Prudência – O que o eleitor não quer: Salvador da Pátria, Pacotes e Escândalos”.
Todo o palavreado poderia ser descrito em apenas nove letras: Vote em FHC.
Quatro anos depois, novo pleito presidencial. A grande novidade dessas eleições – e também o maior escândalo político-financeiro do ano – foi a introdução na política brasileira do instituto da reeleição. A penúltima capa de Veja antes das eleições (1566, de 30/9/1998) trazia a imagem de um executivo engravatado e com a cabeça de madeira. Ou sejam, óleo de peroba é bom quando é para lustrar a cara-de-pau dos outros. A manchete colocava todos os políticos no mesmo balaio de gatos: “Por que o Brasil desconfia dos políticos” e o subtítulo “Os melhores e os piores deputados e senadores às vésperas das eleições”. Desnecessário dizer qual o critério de valoração utilizado pela revista. Se a capa anterior tratava de fincar o prego, na semana das eleições a revista tratava de lhe entortar a ponta.
E assim, sem qualquer melindre, sem ninguém para lhe chamar de governista ou para denunciar seu jornalismo como típico daquele produzido em comitê de campanha, a capa de Veja (1567, de 7/10/1998) trazia a foto de um sorridente Fernando Henrique Cardoso, fazendo o sinal de positivo com o polegar e a manchete “Agora é guerra”. Dificilmente uma imagem contraria tanto a mensagem escrita quanto esta. É que ninguém vai para a guerra sorrindo de orelha a orelha e cheio de otimismo. Mas foi essa a imagem escolhida pelo carro-chefe das revistas da Abril. A opção preferencial da revista ficava bem em alto relevo nos subtítulos: “O desafio de FHC reeleito é impedir que a crise afunde o Brasil do Real – A mexida secreta na Previdência – As outras medidas que vêm por aí – Em maio ele pensou em desistir da reeleição”. Bem no estilo Jean-Paul Sartre para quem “o inferno são os outros”, Veja acenava com o paraíso a ser conquistado com a reeleição de seu presidente e carregava na cores do medo ao pintar um cenário em que o Plano Real afundaria e com este o país como um todo.
Nada como a constatação do filósofo contemporâneo Cazuza (1958-1990) de que realmente “o tempo não para”. Novo pleito presidencial. Estamos em 2002. Na semana em que se realizaria o primeiro turno a capa de Veja (1773, de 16/10/2002) trazia fotomontagem de dinossauros com cabeças de políticos simbolizando Quércia, Newton Cardoso, Brizola, Collor e Maluf. A manchete foi “O parque dos dinossauros” e uma tabuleta com o subtítulo “Estas espécies foram tiradas de circulação”. Como aprendiz de clarividente a revista não foi aprovada como os anos seguintes iriam mostrar: Quércia sempre manteve seu poder político em São Paulo (e em 2010 estava em vias de se eleger senador caso não tivesse enfrentado grave problema de saúde na reta final da campanha); Newton Cardoso foi eleito Deputado Federal em 2010; Brizola morreu; Collor foi absolvido pela Supremo Tribunal Federal dos vários episódios que culminaram com seu impeachment em 1992 e em 2006 foi eleito senador por Alagoas; Paulo Maluf foi eleito Deputado Federal em 2006 com a maior votação proporcional do país e reeleito em 2010 com a terceira maior votação de São Paulo.
Na semana em que se realizou o segundo turno para presidente da República em 2002, a capa da revista Veja (1774, de 23/10/2002) trazia ilustração e fotomontagem de cachorro na coleira com três cabeças – Marx, Trotsky e Lênin. A manchete: “O que querem os radicais do PT?”. Na lateral superior esquerda o alerta “Brasil – o risco de um calote na dívida”. Como subtítulo: “Entre os petistas, 30% são de alas revolucionárias. Ficaram silenciosos durante a campanha. Se Lula ganhar, vão cobrar a fatura. O PT diz que não paga”. Ainda assim, é comum que a revista se apresente ao país como revista independente, sem qualquer vínculo político-partidário, plural etc., etc., etc.
Chega 2006 e com ele mais um pleito presidencial. Deixemos de lado as capas nas duas semanas dos primeiro turno. A capa de Veja (1979, de 25/10/2006) trazia a foto (um tanto assustado) do filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e como a lhe fazer sombra a imagem em tons fantasmagórica do pai presidente. A manchete: “O ´Ronaldinho´ de Lula” e o subtítulo “O presidente comparou o filho empresário ao craque de futebol. Mas os dons fenomenais de Fábio Luís, o Lulinha, só apareceram depois que o pai chegou ao Planalto”. As matérias internas eram compostos de livres exercícios de desconstrução da imagem do presidente candidato à reeleição.
Tudo o que podia existir de errado no país ao longo dos últimos quatro anos era creditado na conta de Luiz Inácio Lula da Silva. E o que, porventura, dera certo, estava creditado na conta de seu antecessor Fernando Henrique Cardoso, agora representado pelo candidato tucano Geraldo Alckmin. Este raciocínio, compartilhado não apenas pela revista da Abril, — mas também pelos principais jornais e emissoras de rádio e tevê do país — continua vigente até este ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Na semana das eleições a capa de Veja (1980, de 01/11/2006) trazia duas cabeças de perfil – Alckmin e Lula, olhando em direções opostas. A manchete “Dois Brasis depois do voto?” Mais o subtítulo alarmista: “Os desafios do presidente eleito para unir um país dividido e fazer o Brasil funcionar”.
Parece que o baú de Veja não guarda truques novos. Apostar no medo, no pânico da população está sempre ao alcance de suas mãos. Também soa extemporâneo declarar o óbvio sobre quem “dividiu o país” e quem “fará o país funcionar”. Isso fica claro nas reportagens internas dessa edição.
Mudemos agora um pouco o padrão de análise a que me incumbi. Em relação ao pleito recém-concluído optei por destacar quatro capas de Veja, em sequência. Elas dizem à larga como a revista tomou partido ao longo dos últimos anos, como explicitou suas preferências partidárias e como encontrou fôlego para manter o discurso que é ‘politicamente independente e sem nenhum compromisso, a não ser perante ela própria e os seus leitores, e que não se identifica com nenhum partido ou grupo social’.
– Veja n° 2181, de 8/9/2010 trazia na capa a ilustração em primeiro plano de um polvo se enroscando no brasão da República. A aterrorizante imagem é realçada pelo fundo negro contra o qual é inserida a medonha ilustração. A manchete “O partido do polvo” e o subtítulo “A quebra de sigilo fiscal de filha de José Serra, é sintoma do avanço tentacular de interesses partidários e ideológicos sobre o estado brasileiro”. A revista pode até ter pudores de não dizer na capa quem é o seu candidato à presidência do Brasil mas não guarda nenhum pudor em satanizar quem, definitivamente, não merece seu respaldo.
– Veja n° 2182, de 15/9/2010 repetia na capa a mesma ilustração sendo que agora o polvo enrosca seus tentáculos em maços de dinheiro. Mudou o pano de fundo que agora é avermelhado. Manchete “Exclusivo – O polvo no poder”. Subtítulo “Empresário conta como obteve contratos de 84 milhões de reais no governo graças à intermediação do filho de Erenice Guerra, ministra-chefe da Casa Civil, que foi o braço direito de Dilma Rousseff”.
– Veja n° 2183, de 22/9/2010 tem novamente na capa o famoso molusco marinho da classe Cephalopoda lançando gigantescos tentáculos dentro do espelho d´água do Palácio do Planalto. Alguns tentáculos já se enroscando nas colunas projetadas por Oscar Niemeyer. A manchete: “A alegria do polvo”, um balão daqueles de revista em quadrinhos e delimitado por raios abarcava a interjeição “Caraca! Que dinheiro é esse?”. Ao lado longo texto explicativo sobre o autor da espantada locução: “Vinícius Castro, ex-funcionário da Casa Civil, ao abrir uma gaveta cheia de pacotes de dinheiro, na reação mais extraordinária do escândalo que derrubou Erenice Guerra”.
– Veja n° 2184, de 29/9/2010 mostra que os dias de celebridade do predador octopoda haviam terminado. Agora a capa reproduz página da Constituição Federal, onde se podia ler excertos do Art. 220 – Da Comunicação Social. Até aí nada demais. O que chama a atenção é uma estrela vermelha apunhalando a página. Coisa de ninja assassino lançando sua mais letal arma. Manchete: “A liberdade sob ataque”. Subtítulo: “A revelação de evidências irrefutáveis de corrupção no Palácio do Planalto renova no presidente Lula e no seu partido o ódio à imprensa livre”. Para uma revista que tanto preza a Constituição do Brasil resta lamenta a falta que fez nessa edição uma boa reportagem sobre a regulamentação dos cinco artigos constitucionais dedicados à Comunicação Social. Especialmente aquele de número 224. Sim, este mesmo!, o que inicia com estas palavras: “Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional instituirá, como órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.”
A grande imprensa brasileira parece usar dicionário bem diferente daquele usado por cerca de 200 milhões de brasileiros. Palavras como isenção, apartidarismo, independência editorial, adesão à pluralidade de pensamento, parecem completamente divorciadas de seu significado real, aquele mais comezinho, aquele que figura logo no início de cada verbete. E quanto mais parte considerável da imprensa mais vistosa – essa que tem maior circulação, maior carteira de assinantes, maior audiência etc. – afirma ser uma coisa mais demonstra ser exatamente o seu bem acabado oposto. O fenômeno parece com crise de identidade tardia, constante e renitente. Quer ser algo que não é. E a todo custo. Custo que inclui credibilidade, responsabilidade.
E não é por outro motivo que ao longo do mês de setembro de 2010 pululavam no microblog twitter mensagens como esta de 16/9/2010 dizendo o seguinte: “Faltam 18 dias, 2 capas de Veja e 2 manchetes de domingo da Folha para as eleições em que o povo brasileiro mostrará sua força política.”
Pelo jeito como a realidade deu conta de dar seu recado os efeitos das capas foram absolutamente inócuas junto à população. Se eram destinadas a produzir um efeito X, terminaram por produzir um efeito Y. Tanto em 2002 quanto em 2006 e há poucas semanas, também em 2010. Talvez tenha chegado o momento de voltar a dedicar suas capas à busca do elo perdido, aquele que deve nos ligar indissoluvelmente ao macaco ou então direcionar suas energias para encontrar algo mais nobre como o Cálice Sagrado, o Santo Graal. Outra opção poderia ser investir na localização de lugares como Avalon nas cercanias das Ilhas Britânicas. Mas como Veja tem mostrado pendores para eternizar seres marinhos talvez tenha mais proveito se buscar vestígios da Atlântida. Uma pista: boas indicações foram deixadas por Platão (428 a.C. – 348 a.C.) em suas célebres obras “Timeu ou a Natureza” e “Crítias ou a Atlântida”.